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“FCSH cresceu acima da média prevista” – João Salavessa, Director da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) foi aberta em 2017 e, desde então, tem-se destacado não só pelos cursos oferecidos, mas também pelo dinamismo em promover uma educação que impulsione a cidadania, o enaltecimento dos valores culturais identitários do povo moçambicano, assim como se tem projectado nacional e internacionalmente em diversas perspectivas.

Falando com o Director daquela Faculdade, João Salavessa (JS), ficamos a saber, de forma mais pormenorizada, sobre os impactos sociais da existência da FCSH, assim como as estratégias adoptadas de forma a melhor gerir e dinamizar aquela instância de ensino. Acompanhe a entrevista guiada pelo Departamento de Comunicação e Imagem (DCI) da Universidade Lúrio.

DCI: Pode nos falar da situação actual da FCSH?

JS: A FCSH encontra-se actualmente no seu segundo ano de actividade, em processo de instalação e em crescimento. As dificuldades inerentes a este processo são as habituais, mas a atitude e o esforço de trabalho de todos os intervenientes, tem permitido alcançar resultados que nos satisfazem e que nos motivam a continuar a trabalhar para alcançar efeitos acima da média.

DCI: Quais as perspectivas de crescimento para o ano 2018?

JS: O ano já vai quase a meio, estamos actualmente preocupados em concretizar os compromissos já assumidos a nível local e internacional, sem deixar de lado a planificação de novos comprometimentos e objectivos de crescimento para 2019. Porém, a ocupação plena do novo espaço disponibilizado à FCSH/UniLúrio, o edifício das TDM na Ilha de Moçambique é o nosso principal foco, juntamente com instalação do Centro de Desenvolvimento Académico e Inovação Lúrio que ficará sediado na FCSH, mas servirá toda a universidade.

Concluir o Curso de Formação Avançada em Gestão Estratégica para Hotelaria e Destinos Turísticos, fruto de uma parceria com a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (Portugal) e o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian; dinamizar o Posto de Turismo da Ilha de Moçambique no âmbito do acordo de pareceria estabelecido com a Câmara Municipal da Cidade da Ilha de Moçambique e a UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa) bem como desempenhar com responsabilidade e qualidade a nossa participação nas comemorações dos 200 anos da elevação da Ilha de Moçambique ao estatuto de cidade, são os principais objectivos que até ao final deste ano queremos alcançar e que vão consolidar e evidenciar no curto prazo o nosso crescimento.

DCI: Pode destacar os desafios enfrentados ao longo de todas essas actividades?

JS: As limitações estruturais e de recursos humanos inerentes ao território em que estamos inseridos são a nossa principal condicionante e dificuldades que temos de enfrentar todos os dias, que consequentemente aumentam o nível de luta e as exigências para a realização do nossos trabalhos diários. Mas, disso não nos podemos simplesmente queixar, já que essa é a nossa principal missão enquanto faculdade da Universidade Lúrio.

DCI: Como analisa o ano 2017, juntamente com as actividades realizadas?

JS: Uma análise positiva, em que a FCSH cresceu acima da média prevista e se está afirmar cada vez mais a todos os níveis, fruto de uma abordagem distintiva na organização da faculdade e no trabalho académico e científico que desenvolvemos, que procuramos que se reja por padrões de exigência e de qualidade de nível internacional. Uma abordagem cada vez mais consensual entre todos, docentes, funcionários e alunos da nossa faculdade.

DCI: Para este ano, quantos estudantes foram inscritos?

JS: Actualmente temos 223 estudantes a frequentar as nossas licenciaturas, tendo entrado para o primeiro ano deste ano lectivo 117 alunos, 58 para Desenvolvimento Local e Relações Internacionais e 59 para Turismo e Hotelaria.

DCI: O número de docentes corresponde a expectativa?

JS: Para já, sim. Mas, vamos contratar mais, pois com a entrada em funcionamento do 3º ano das licenciaturas em 2019, vão ser necessários. Porém, o processo de contratação será cuidadoso, não nos interessa tanto o número, mas a capacidade e qualidade dos docentes contratados. 

DCI: Como está a componente pesquisa na FCSH?

JS: Presentemente a FCSH têm uma única linha de pesquisa a funcionar, no âmbito da economia do desenvolvimento, que se materializa no projecto “Desenvolvimento Resultante da Extracção de Recursos Minerais” que foi desenvolvido em parceria com o Centro para o Desenvolvimento e Cooperação - NADEL/ETH Zurich, o Centro de Pesquisa para Sustentabilidade Digital da Universidade de Berna e a Fundação Insuco para a Pesquisa Social em África – IFSRA e obteve financiamento da Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação (COSUDE) e a Fundação Nacional da Ciência (FNS) da Suíça no âmbito do r4d - Programa Suíço de Pesquisa sobre Assuntos Globais para o Desenvolvimento.

O principal objectivo do programa r4d é a geração de novos conhecimentos e a aplicação de resultados de pesquisa que contribuam para a solução de problemas globais e a obtenção de bens públicos em países de baixa e média renda no contexto do desenvolvimento sustentável global.

A contextualização desta pesquisa pode ser feita da seguinte forma:

A extracção petrolífera, de gás e outros minerais, é fonte de receitas extraordinárias para os tesouros nacionais de muitos países em desenvolvimento. Se, por um lado, estas riquezas inesperadas representam uma oportunidade para criar desenvolvimento nestes países, por outro, as comunidades destas regiões produtoras não experimentam as melhorias esperadas ou prometidas. Muitas vezes, as populações locais sentem-se ultrapassadas devido às externalidades negativas, que dão espaço a disputas e conflitos. Tipicamente, tais disputas são ainda mais complicadas por assimetrias de informação entre órgãos governamentais, cidadãos, sociedade civil e empresas.

Uma maneira de informar esses debates sobre a extracção de recursos e promover o desenvolvimento positivo, é fornecer dados de monitoria independentes e publicamente disponíveis sobre os efeitos sociais, económicos, ambientais e institucionais que a extracção de recursos tem nas regiões produtoras. Actualmente, dados tão abrangentes não existem na generalidade dos casos e quando são recolhidos, não ficam publicamente acessíveis ou sistematicamente arranjados, de forma a permitir que as partes interessadas tenham uma compreensão mais detalhada do estado de desenvolvimento alcançado.

Objectivo da pesquisa e resultado esperado, dentro dum objectivo maior, de melhorar a nossa compreensão do impacto no desenvolvimento, da extracção de recursos mineiros. Este projecto de pesquisa, visa desenvolver uma metodologia e um quadro para a recolha e análise de dados, que permita monitorar e avaliar o impacto económico, social, ambiental e institucional da extracção destes recursos, de forma abrangente ao nível do produtor.

O quadro de recolha de dados será traduzido numa ferramenta on-line de fácil utilização, chamada “Resource Impact Dashboard” (RID). O RID irá providenciar diversas funcionalidades: Apoiar na recolha e processamento de dados primários e secundários, usando dispositivos móveis em combinação com uma plataforma baseada na nuvem. 

Visualização dos resultados de uma forma transparente e publicamente acessível.

O RID trará benefícios se utilizado regularmente como ferramenta de monitoria, tornando as tendências visíveis e ajudando a negociar medidas políticas concretas.

No final deste projecto de pesquisa, o RID ficará hospedado numa instituição adequada e disponível para terceiros o aplicarem noutros projectos extractivos. O RID irá evoluir com o tempo, num repositório crescente de dados sobre a extracção de recursos e o desenvolvimento, proporcionando contribuições adicionais para a compreensão deste complexo processo.

É também de referir e motivo de orgulho para a instituição, o facto do chefe de Departamento de Línguas e Culturas, Dr. Aldino André, ter sido seleccionado para fazer uma comunicação oral na conferência Languages Memory, fruto da sua pesquisa individual que será apresentada no King’s College de Londres no próximo mês de Junho.

DCI: Pode nos falar da mobilidade e formação dos docentes?

JS: A promoção da mobilidade de âmbito nacional, mas principalmente internacional não só de docentes mas também dos alunos da FCSH, é uma realidade desde o primeiro ano da instalação da faculdade. É algo de que não prescindimos e faz parte da nossa forma de ser e pensar enquanto instituição, de sentir o pulsar do mundo e afirmarmo-nos, participarmos desta globalização cada vez mais irreversível e que acreditamos cheia de boas oportunidades das quais não queremos ficar à parte. China, Áustria, Suíça, Portugal, Zimbabué e Reino Unido são países onde temos várias instituições parceiras, relações de cooperação e trabalho activas incluindo docentes em formação avançada.

DCI: E sobre os cursos (graduação) leccionados na Faculdade? Desafios, planos e metas?

JS: Actualmente temos 2 licenciaturas, a de Turismo e Hotelaria e a de Desenvolvimento Local e Relações Internacionais, foram 2 licenciaturas estrategicamente escolhidas para o inicio de actividades desta faculdade, e que tratando-se de ciências sociais aplicadas esperamos que venham a contribuir activamente para o desenvolvimento da região em que estamos inseridos.

Também está em funcionamento, durante este ano lectivo o Curso de Formação Avançada em Gestão Estratégica Aplicada à Hotelaria e Destinos Turísticos, curso que visa não só promover a especialização do nosso jovem corpo docente contratado, ainda pouco experiente mas, oferecer também um formação avançada com a chancela de qualidade da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (Portugal) e apoio da Fundação Calouste Gulbenkian aos operadores turísticos da região.

A médio prazo contamos disponibilizar uma licenciatura em Comunicação e Media, na qual já estamos preliminarmente a trabalhar, contando com o apoio da Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa.

DCI: Há uma componente existente na UniLúrio que tem a ver com a extensão. Como está essa actividade na FCSH?

JS: Estamos a preparar e vamos iniciar no próximo semestre o programa “Um estudante, uma Família”, procurando uma interacção directa com a população do bairro de Macuti na Ilha de Moçambique, a fim de minimizar a segregação que este bairro tem sofrido ao longo dos tempos e incluir as pessoas que lá habitam no âmbito das actividades da faculdade.

 

Universidade Lúrio

Educação para a cidadania.

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