FCA abre Ano académico
A Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), da Universidade Lúrio, abriu esta segunda-feira, 25 de Março, o ano académico de 2019. A aula inaugural com o tema “Importância da Agricultura, Pesquisa e Extensão Agrária no Desenvolvimento Sócio-económico do País” foi proferido pelo Prof. Doutor Mohamed Harun, docente da Faculdade de Veterinária e Assessor do Ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural.
Na sua intervenção, o Professor Harun, falou do papel da FCA no desenvolvimento das comunidades, sobretudo como garante da alimentação para as gerações vindouras. O Professor chamou ainda a atenção de que a crise alimentar e ambiental, que assolou o mundo nos últimos tempos, induziu a um aumento de preços das matérias-primas em cerca de 50 até 200%, o que levou cerca de 110 milhões de pessoas à pobreza e mais de 44 milhões para subnutrição. Este facto contribui grandemente para os problemas de nutrição nas nossas comunidades, aliás, a baixa nutrição constitui uma grande armadilha que nos leva a um ciclo vicioso, baixa nutrição e baixo crescimento económico. Assim, a FCA deve, com os recursos humanos disponíveis, jogar um papel fundamental para reverter esse cenário.
O Professor Harun partilhou, também, sua experiência em trabalhos de extensão com as comunidades, salientando que para além de os pesquisadores disseminarem tecnologias, deveriam também, procurar aprender com as mesmas. O académico falou também do papel das mulheres para o sucesso de programas de extensão. Referiu-se dos casos de controlo da doença de Newcastle nas galinhas do sector familiar, do caso de tracção animal com vacas, para além da produção e incubação natural do pato mudo.
Por sua vez, a Vice-Reitora Académica da Universidade Lúrio, Prof. Doutora Sónia Maciel, chamou a atenção aos desafios que o país enfrenta, sobretudo os ataques em Cabo-Delgado e o mais recente fenómeno (IDAI) que assolou nossos concidadãos do centro do país, com destaque a cidade da Beira. A Professora Sónia disse ainda que apesar dos constrangimentos e desafios de vária ordem, entre os quais se incluem a limitação de recursos financeiros, humanos e a dispersão geográfica, a Universidade Lúrio continua afincadamente empenhada na formação de quadros de qualidade científica, técnica e social, assegurando que o nosso formando saia, para além das competências técnico-científicas exigidas, com valores, atitudes e ética deontológica de melhor servir a comunidade e assim, ter um papel proactivo no desenvolvimento sócio-económico deste País. Todo este cenário, só é possível com o apoio de todos – disse a Vice-Reitora.
Segundo a Vice-Reitora da UniLúrio, de 2016 a 2019, o número de novos ingressos de estudantes, na UniLúrio, subiu de 483 para 782. Em 2016, estiveram inscritos nos diferentes cursos 2.647 estudantes, tendo este número quase duplicado em 2019, com 4.400 estudantes inscritos. Dos 19 cursos oferecidos em 2016, distribuídos em 14 de Licenciatura e 5 de Mestrado, passamos a oferecer este ano (2019) 37 cursos, sendo 22 de Licenciatura e 15 de Mestrado nas diversas áreas de interesse. De 2016, quando graduámos 297 quadros, distribuídos entre 276 licenciados e 21 Mestres, temos previsto graduar um total de 431 estudantes em 2019, entre licenciados e mestrados – afirmou.
Em 2016 a Universidade contava com 378 docentes, dentre os quais 15 Mestrados e 26 Doutorados, divididos em 265 a tempo integral e 113 a tempo parcial. Em 2019, o corpo docente passou a 422 membros, sendo 344 a tempo integral e 78 a tempo parcial. O aumento do número de docentes, tanto em termos de formação pós-graduada como a tempo integral, significa que a Universidade Lúrio está aumentando e melhorando a capacidade de formação técnico-científica dos seus docentes, através de programas de pós-graduação (mestrado e doutoramento), o que se repercute numa melhor formação dos seus estudantes e numa maior independência relativamente ao apoio externo.
Apesar de ter havido aumento do número de profissionais na universidade, a mesma depara-se com desafios de ordem financeira. A Prof. Doutora Sónia referiu-se ao facto de que nos últimos anos o Orçamento do Estado alocado a Universidade ter vindo a ser anualmente reduzido, por exemplo, de um orçamento global, em 2015, de 431.000.000,00Mt, distribuído entre 241.000.000,00 para funcionamento e cerca de 190.000.000,00Mt para investimentos passámos, em 2019, para um orçamento global de cerca de 360.000.000,00Mt, representando um decréscimo de cerca de 71.000.000Mt, o que em termos percentuais significa um decréscimo total de 16.47%. Neste contexto, a componente de funcionamento recebeu cerca de 300.000.000,00Mt e a de investimento apenas cerca de 60.000.000Mt, significando, respectivamente, um aumento em 124.48% no funcionamento, mas um decréscimo em 31.58% no investimento.
Por fim, a vice-reitora, agradeceu ao trabalho feito pela Dra. Maura, antiga directora da FCA e pediu apoio e colaboração ao novo director da FCA- o engenheiro Leonid Moisés.
O representante da Governadora da Província de Niassa, o professor Doutor Geraldo Macalane, discursando por ocasião da abertura do ano académico, desafiou a universidade, particularmente a FCA, a fazer o uso dos milhões de terra arável da província, assim como o potencial faunístico e florestal da província de Niassa.
A cerimónia de abertura do ano académico, para além da direcção da FCA, contou com a presença de convidados das diversas instituições de ensino superior sediadas em Lichinga, parceiros de cooperação, estudantes e funcionários da FCA.