Quatro mulheres que fazem a diferença na UniLúrio
O mundo mudou e consequentemente (ainda bem) as sociedades tem constantemente colocado nas suas agendas questões sobre igualdade do género e/o de oportunidades, como forma de criar uma sociedade cada vez mais igualitária, onde mulheres e raparigas não estejam em desvantagem, comparativamente com o homem/rapazes. Tais agendas tem, positivamente, impactado a vida das sociedades e graças a isso a ideia do “emponderamento” permitiu que mulheres atingissem cargos de lideranças/chefias e têm lutado para que se construa uma sociedade cada vez mais desenvolvida.
O 7 de Abril hoje comemorado, em homenagem à Josina Machel, significa mais que uma data passageira - é mais um dever moral, emocional, familiar e/ou profissional, para numa só voz gritarmos de felicidade, respeito, valorização, reconhecimento pelas mulheres, mães, esposas, colegas de profissão, irmãs (etc), que a cada dia tem dado um significado não apenas acrescentado, como ímpar na vida de todos nós – são elas, as heroínas, batalhadoras, exemplos que em muito nos tem mostrado que é sim possível atingir os objectivos, sonhar sonhos mais altos, atravessar tempestades, mas continuando firmes, dividir o tempo “indivisível” para fazer múltiplas tarefas, mas sempre atenta às diversas metamorfoses do tempo, da vida, da família…do trabalho.
Mais do que apenas celebrar a data, que coincide com o dia Mundial da Saúde, a Universidade Lúrio (UniLúrio), através do Departamento de Comunicação e Imagem (DCI), decidiu trazer histórias, de algumas das mulheres, que em muito tem marcado a vida da instituição baseada na zona norte do país. Viagem connosco e fique a saber um pouco mais das mulheres que fazem a UniLúrio.
A cara da Faculdade de Ciências de Saúde (FCS)
Encontrámo-la no seu gabinete de trabalho, a meio de “corre-corres” com os expedientes. Se não fosse a pouca sorte da nossa parte, a nossa convidada, ainda padecia de gripe. Já pode-se imaginar; é da época.
Para alguns, é uma simples colega, para outros, amiga e companheira. Ao nível da UniLúrio, concretamente na FCS, soma, em 2019, onze anos de carreira, a dar o melhor de si – orgulhando-se pelo pequeno, mas longo trajecto. Na sua percepção, o que antes era complexo, actualmente trata com facilidade. E não é para menos, a idade nos faz ter experiência.
Ela responde pelo nome de Belmira Ernesto de Oliveira, funcionária afecta à Direcção Pedagógica. Começou na Secretaria como telefonista, depois como auxiliar administrativa da turma de estágio da FCS, no Hospital Central de Nampula, tendo regressado à Secretaria da FCS, para depois passar pela biblioteca.
Admitida por meio de um concurso público, refere, Belmira, que os primeiros dias foram difíceis, contudo, o apoio dos colegas foi crucial de modo a ultrapassar o receio. Em uma breve radiografia institucional em torno da saúde da FCS (2008 - 2019) … diz que a instituição cresceu bastante e seu desejo é que esta continue crescendo.
Fazendo uma breve olhar para os momentos marcantes dentro da FCS, Belmira de Oliveira considera a primeira graduação da instituição (evento novo, nova experiência para a Faculdade) como um dos grandes marcos que pincelaram a sua vida profissional …há que destacar ainda, os congressos, e outras reuniões realizadas na instituição. Cada evento com sua história e seus momentos marcantes.
Casada, mãe de uma filha. Belmira Ernesto de Oliveira é licenciada em FILD – Filosofia, Desenvolvimento Institucional, com habilitações em Políticas Públicas, pela Universidade Pedagógica (UP).
Professante da religião cristã – católica, não abdica de se manter informada. Lê jornais e fá-lo com gosto.
Perguntamos se fosse um sonho de infância ser jornalista, ao que ela nos respondeu categoricamente - "quis ser médica", um sonho que segundo ela, fica para recordar, porque mesmo desejando e estando a trabalhar numa instituição em que se formam médicos, o tempo não lhe permitirá de seguir esta profissão.
Perdeu-se uma médica, mas a sociedade em geral, e a FCS em particular, ganhou uma profissional que tem impactado significativamente a vida da instituição.
Se gosta de cozinhar? A nossa convidada refere que, neste detalhe, não deixa os seus créditos em mãos alheias. Embora preenchida durante o dia com o trabalho, sempre que possível, faz uma caracata com mutxutxu.
Apaixonada pelo preto, e inspirada por sua mãe, a quem rende homenagem por todo esforço que empreendeu para torná-la esta mulher, de mil e um sonhos, linda, charmosa e profissional, Belmira sonha conhecer Rio de Janeiro (Brasil), enquanto isso, quanto a nós, resta agradecer pela disponibilidade e rogamos que a simplicidade e o amor para com o próximo continuem patentes em sua vida.
“O meu conselho para todas as mulheres é que sejamos mulheres respeitáveis e batalhadoras”
- Diz Graça Jaime
Como é sabido, a UniLúrio vai além das “fronteiras” de Nampula. Estende-se mais para Cabo Delgado (Pemba), onde encontramos as Faculdades de Ciências Naturais (FCN) e a de Engenharia (FE). É mesmo pensando nesta “globalidade” regional que fomos buscar uma história sem igual – história de quem acredita que pode fazer a diferença. Acompanhe.
Natural da Cidade da Beira (Província de Sofala), Graça Luís Mandava Jaime, 26 anos de idade, trabalha como Docente e funcionaria da UniLúrio faz 4 anos, tendo iniciado em Maio de 2015, “Mas faço parte da família UniLurio desde 2010, quando ingressei para frequentar a Licenciatura em Ciências Biológicas na extinta Faculdade de Engenharia e Ciências Naturais (FECN)”, nos esclarece.
Convidada a dar mais detalhes sobre como entrou na família “UniLúriana”, Graça Jaime explica que concorreu para as vagas em 2014, tendo feito uma entrevista, na qual foi admitida, e começou a trabalhar em 2015. Mais do que apenas citá-la, vamos acompanhar a entrevista que o DCI teve com a nossa entrevistada.
DCI: Quais as tarefas que já desempenhou e desempenha actualmente?
Graça Jaime (GJ): Quando entrei fui colocada no Departamento de Zoologia, mas dava apoio aos serviços de laboratório. Em 2016 passei para o Departamento dos Serviços de laboratório onde trabalhava com o controlo das requisições e era responsável pela sala de aquários. Em 2017, fui convidada a fazer parte da UGEA, juntamente com o MSc Fidel Bilika e a dra. Telcia Manhique. Em 2018 fui nomeada Chefe da repartição da UGEA, função que exerço actualmente, que requer muito trabalho, dedicação e organização. Como docente dou aulas nas cadeiras de Fisiologia Animal, desenvolvimento Comunitário I e Citologia e Histologia. E como investigadora, trabalho em ecossistemas aquáticos, principalmente com peixes, ervas marinhas e macroalgas.
DCI: Como foram os primeiros dias da sua carreira?
GJ: Foram calmos, pois tive que me habituar a rotina de trabalho das 7 as 15, já que acabava de sair de uma multinacional com um horário corrido (das 7 às 19 horas). Mas durante o meu primeiro ano, não dei aulas, somente fui assistente nas disciplinas e auxiliava o docente da disciplina.
DCI: Que lições teve este todo tempo?
GJ: A necessidade de organização e planificação para a gestão de qualquer actividade. A importância dos horários e do cumprimento das metas. E acima de tudo a humildade e a disponibilidade para aprender.
DCI: Consegue equilibrar a sua vida profissional da social?
GJ: Posso dizer que sim (Risos). Porque para além de gerir as actividades UGEA, Docência e a investigação, estou a iniciar um negócio. A culinária é a minha paixão, e este ano decidi rentabilizar essa paixão criando a “Evora’s Cakes & Catering”, uma micro empresa focada em actividades de confeitaria e catering. Actualmente trabalho sozinha e praticamente no período nocturno e nos finais de semana. Por isso, a minha vida é uma correria (Risos), mas cozinhar é um hobby saboroso, porque tem sempre algo a se degustar (Risos). Quanto à minha vida pessoal, sou casada (união de facto), cristã - pelo que os meus domingos são reservados a igreja.
DCI: Ao nível profissional qual foi o seu momento marcante?
GJ: O momento mais marcante na minha vida profissional na UniLurio foi o primeiro dia de aulas. Eu estava muito nervosa e ansiosa, fiquei acordada a noite inteira e só fiquei relaxada quando a aula acabou (Risos). Mas os estudantes ajudaram e foram muito participativos.
DCI: Qual foi seu sonho quando estudante?
GJ: Desde pequena que queria ser Medica Pediatra, mas hoje digo felizmente que não o fui. Sou bióloga com muito orgulho e sou muito feliz com a minha profissão.
DCI: Como vê a instituição em todos esses anos de trabalho?
GJ: A UniLúrio está a crescer a uma velocidade incrível para os anos que tem, e a FCN esta num caminho perfeito. Penso que esse espírito jovem e ambicioso nos fez chegar onde estamos. Queremos sempre dar o nosso melhor, e na FCN, na minha opinião, há uma competição silenciosa entre os departamentos que é muito positiva, pois cada um dá o seu máximo para ser o melhor. E ainda acredito que a UniLurio ainda brilhará muito.
DCI: E finalmente para o dia das mulheres que conselho deixa para mulheres.
GJ: O meu conselho para todas as mulheres é que sejamos mulheres respeitáveis e batalhadoras. Respeitemos a nossa imagem, dignidade, honra e o nosso papel na sociedade, pois a mulher é o berço da vida.
A cara do Gabinete de Auditoria Interna (GAI)
Ela responde pelo nome de Rute Escova. Para melhor percebermos quais são as suas experiencias, ambicoes e sonhos, fomos até ao GAI ao encontro dela, para endereçar um convite – para uma breve entrevista, ao que ela respondeu positivamente – ao que se pode notar a seguir.
DCI: Qual o significado de trabalhar na Universidade Lúrio?
Rute Escova (RE): É um grande aprendizado, é uma abertura da mente. Já conto três anos de trabalho e tenho colhido muitas aprendizagens/experiências. É uma jornada bastante interessante. Comecei trabalhando nos Recursos Humanos onde colhi bastante conhecimentos e (agora) continuo aprendendo no Gabinete de auditoria Interna.
DCI: Como tem sido a sua relação com os colegas?
RE: Nestes três anos de trabalho na UniLúrio a minha relação é boa. Não me recordo de ter alguma relação estranha com algum colega, dou-me muito bem com todos.
DCI: Como trabalhadora, mulher, mãe e esposa, como concilia essas actividades todas?
RE: Primeiro nos preparamos psicologicamente e sabermos que temos que ir ao trabalho, que temos casa para cuidar, filhos, esposo. Até agora tenho conseguido conciliar, com ajuda do meu parceiro que me tem dado força - quando em casa temos apoio, o serviço também corre bem.
DCI: Como analisa o seu percurso profissional?
RE: É como eu disse primeiro, para mim é um aprendizado, estou a aprender, como meu primeiro emprego na vida, quer dizer, tudo que faço hoje é uma coisa que nunca fiz antes.
DCI: Quais são as suas ambições e que metas que pretende atingir.
RE: A minha ambição é crescer cada vez mais, aprender cada vez mais. As metas, olhando para o meu serviço, estão ligadas a necessidade de atingir o que a instituição pretende. Se eu estou no Gabinete de Auditoria Interna, o meu trabalho lá é garantir alcance das metas e os objectivos da universidade.
DCI: Celebramos hoje o dia da mulher moçambicana, o seu dia. Para si, qual é significado e que expectativas tem em relação a data?
RE: O dia 7 significa um dia de reflexão para as mulheres. Reflectir no sentido de dedicar-se mais em todas as frentes, familiar.. amizade olhar em volta das nossas ambições e sonhos.
Hoje em dia vemos mulheres a assumir postos de ministras, presidentes da assembleia, postos de grande responsabilidade, e que continuemos assim, conquistando mais espaços na sociedade, aliado a necessidade da igualdade.
A cara da FE
Mais uma vez regressamos a Pemba e desta vez para conversar com Stella de Figueiredo Regina Fernandes, a mulher que tem trabalhado na Faculdade de Engenharia (FE). Mais do que entrevistar, decidimos deixá-la contar, na primeira pessoa quem ela é, como tem sido a sua vida e como é estar na UniLúrio.
No dia 13 de Março de 2009, entrei para UniLúrio, Pólo de Pemba, com o objectivo de implementar os meus conhecimentos prévios durante a formação académica. Visto que o meu grau académico era inferior, houve necessidade de aumentar o nível com o mestrado, para poder atender as exigências e desafios que a Instituição nos impunha, devido a introdução de novos cursos e nova dinâmica de trabalho.
A minha entrada na UniLúrio, culminou com o crescimento dos meus processos cognitivos no que tange ao conhecimento, melhorando a minha personalidade no que diz respeito a saber ser e estar, dentro e fora da Instituição, de acordo com as exigências do código de conduta da Faculdade – o que aumentou o meu espírito de responsabilidade, respeito, colaboração, interajuda, troca de ideias e experiência com os demais funcionários, docentes e estudantes.
No ano de 2009, ingressei como Assistente do Director da Faculdade de Engenharia e Ciências Naturais (FECN,“… Inexperiente, mas com muita energia e dedicação para aprender os segredos de uma boa gestão…”
De 2011 – 2015 fui Responsável pelo Departamento de Relações Públicas e Cooperação da Faculdade de Engenharia, tendo seguido de 2015-2016 com o papel de Assistente do Director da Faculdade de Engenharia, tendo surgido outra oportunidade de 2016-2017 para ser Chefe de Departamento de Relações Públicas e Cooperação da Faculdade de Engenharia. Com mais entrega e profissionalismo, em 2018 fui destacada (novamente) para ser Assistente do Director da Faculdade de Engenharia, sendo que actualmente sou responsável na Repartição de Serviços de Comunicação e Sistemas de Comunicação.
Falando sobre perspectivas, Stella de Figueiredo nos leva para o seu mundo:
Quero continuar a fazer parte do crescimento administrativo, científico e tecnológico desta Faculdade e contribuir de uma forma incansável no sentido de alavancar a Instituição como referência a nível do mercado nacional e internacional.
Sobre a UniLúrio:
UniLúrio foi o meu primeiro emprego na função pública e continua sendo. UniLúrio é minha segunda casa. Foi aqui onde aprendi a palavra sigilo profissional (Risos). A UniLúrio é uma Instituição batalhadora, começou com aluguer de infra-estrutura para o seu funcionamento, hoje tem o seu próprio estabelecimento. Tinha apenas dois cursos de Engenharia Informática e Ciências Biológicas, mas hoje conta com mais três, dos quais, engenharias: Civil, Geológica e Mecânica. Sempre a crescer, com uma equipa jovem, com capacidades extremas de trabalho. Tive o privilégio de trabalhar como assistente do Director três vezes, e com três directores que passaram pela Faculdade de Engenharia.
Fora da UniLúrio
Tenho 36 anos, casada, natural de Pemba, mãe de duas filhas (Ciara e Jade). Nos tempos livres gosto de sair com minha família e amigas da faculdade. Gosto de música, dançar e ir à praia. Me considero muito tímida, mas conversadora. O meu destino de sonho é conhecer Maldivas.