"Pancho: Outras formas e olhares" apresentada na Ilha de Moçambique
Como quem procura justificar a influência obtida em Pancho Guedes, a escritora e artística plástica, Sónia Sultuane e o também conceituado artista plástico Jorge Dias, apresentaram, no dia em que a Ilha de Moçambique celebrava os 201 anos, 17 DE Setembro, "Pancho: Outras formas e olhares", uma exposição que procura, em parte, engrandecer o trabalho de Pancho, um autor de vastíssima obra, grande parte realizada em Moçambique, a partir da década de 50.
A união (artística) de Sónia e Jorge procura nos fazer lembrar de Pancho, como também nos leva ao encontro da arte contemporânea, as suas metamorfoses e/ou significados, através de um processo criativo evolutivo, a partir de trabalhos previamente feitos.
Em Sónia encontramos o "Anjo branco", revestido de mosaico e madeira, como também o "Anjo negro", feito de berlindes. Enquanto isso, nas obras de Jorge encontramos uma estrutura arquitetónica de artesanato, baseadas em linhas, tecidos e vidros, acasalando-se, em diversos sentidos, criando uma miscelânea de significados.
Falando à margem do evento, organizado pelo BCI, em parceria com a UniLúrio, o Magnífico Reitor, Professor Francisco Noa, falou do significado e/ou valor cultural da Ilha de Moçambique, destacando a região de Macuti, como um ponto que deve merecer uma atenção significativa, no sentido de unificar a comunidade daquele ponto do país, através das manifestações culturais, em particular.
Francisco Noa frisou que um dos pilares-base da instalação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), na Ilha, deve-se à necessidade da "reconstrução" cultural da Ilha, incutindo nos seus residentes a constante necessidade de valorização das práticas culturais, como também criar bases para um turismo cada vez mais crescente.
Falando da exposição, Sónia Sultuane disse que o objectivo é perpetuar a obra, o legado de Pancho, tendo acrescentado que "a arte não é para se explicar, mas para se sentir", tal comentário que surgiu ao ser questionada sobre o significado da exposição.
Sultuane explicou que suas obras [arquitectónicas]procuram descrever diferentes realidades, do país, como também envolver os amantes da arte na valorização de produtos nacionalmente produzidos.
Jorge Dias justificou suas obras como um casamento com as obras apresentadas por Sónia. Ao mesmo tempo, falando de suas obras, disse querer problematizar a arte no tempo moderno, olhando para a forma como as sociedades, em particular a moçambicana, observam, vivem, consomem e valorizam a arte.