Alguns Docentes que fazem a Faculdade de Ciências Naturais
[Télcia Manhique]
Encontrámo-la na Repartição de Ecologia Terrestre, onde ela faz parte, fazendo seu plano de aulas e pedimos alguns minutos de conversa. Chama-se Télcia Fernando Manhique, natural de Xai-Xai, província de Gaza. Docente das cadeiras de Ecologia Geral, Zoologia dos Invertebrados, Métodos de Pesquisa e Metodologia de Estudos Científico, é Licenciada em ciências Biologias e mestranda em ecologia aplicada pela Universidade Lúrio-Faculdade de Ciências Naturais. Iniciou as suas actividades Março de 2016 na FCN.
Questionada sobre a sensação de ser docente, numa instituição do ensino superior, ela disse que "Ser docente [do ensino superior] é uma missão de grande responsabilidade, por estar ligada à formação de seres humanos críticos e que possam ser capazes de resolver problemas na sociedade".
Fazendo um breve olhar do seu primeiro dia de aulas decidiu nos explicar como tudo começou:
Lembro-me perfeitamente do meu primeiro dia de aula. Foi na disciplina de Ecologia Geral, fiquei muito ansiosa e nervosa. Sabia que o docente deve lidar com alunos de variados estilos. Antes da leccionação perguntava aos colegas antigos o comportamento dos estudantes, cada um dava o seu comentário, e outos preferiam ficar no silêncio. Ouvi muita coisa, não me esqueço do comentário que me fazia crer que eu devia ficar com uma expressão facial séria (Risos) mas graças a Deus tudo ficou bem e aula foi bem dada.
A nossa entrevistada foi mais longe afirmando "que aprendi ao longo do percurso que o docente deve compreender e auxiliar os seus estudantes em relação às [suas] dificuldades, para que possam produzir um conhecimento científico credível".
A Departamento de Comunicação e Imagem (DCI) procurou saber como Télcia Manhique consegue fazer a planificação das aulas, tendo em conta o facto de a instituição, na qual foi formada, não dar a componente Psico-pedagógica:
A FCN tem tudo preparado, não é só pela passagem do concurso que logo no primeiro dia deve dar aulas, deve passar por um processo de assistência, conhecer melhor a casa, como docente, além dos seminários pedagógicos que decorrem anualmente e quero com isso agradecer a UniLúrio, pelos cursos de inovação pedagógica que ajudaram-me bastante no ensino e aprendizagem. Hoje consigo dosificar com perfeição e realizar actividades de investigação e extensão.
Falando da sua área de interesse, Manhique nos confessou que tem como área de pesquisa entomologia, especificamente a família acrididae (gafanhotos), ordem lepidóptera (borboletas), família culicidae (mosquitos), estudos de uso e ocupação do solo e conservação de biodiversidade e para tal já participou em vários estudos na área de entomologia, workshops nacionais e internacionais, e é co-autora do livro que descreve a biodiversidade da ilha do Ibo e em Cabo Delgado, intitulado “Uma Ilha Entre a Natureza e Cultura”.
Para além da docência Manhique é membro integrante a Unidade Gestora de Aquisições (UGEA) e responsável do desporto na FCN. E no seu tempo livre gosta de assistir futebol e NBA, assim como conversar com amigos e familiares.
Alusivo ao dia dos professores ela deixa um conselho “À todos os colegas de profissão, sejam pacientes, tolerantes e inovadores”.
Alcino Stélio
O nosso próximo entrevistado é natural de Namialo (Província de Nampula). Responde pelo nome de Alcino Stélio, 27 anos de idade, licenciado em Ensino de Biologia pela extinta Universidade Pedagógica. Trabalha como Docente e funcionário da UniLúrio faz 2 anos, tendo iniciado em Abril de 2017.
Convidado a dar detalhes sobre sua entrada na família “UniLúriana”, Alcino Stélio explica que concorreu para as vagas em 2016, tendo feito uma entrevista, na qual foi admitido, e começou a trabalhar em 2017. Mais do que apenas citá-lo, vamos acompanhar a entrevista que o DCI teve com a nosso entrevistado.
DCI: Quais as tarefas que já desempenhou e desempenha actualmente?
AS: Quando entrei fui colocado no antigo Departamento de Botânica, agora Repartição de Botânica (RB). Para ter mais paixão com as plantas fui colocado no Jardim Botânico, como responsável da estufa de produção de mudas que posteriormente são alocados aos canteiros definitivos e publicitário de venda de mesmas funções que exerço até hoje. Dei apoio aos serviços de laboratório, como representante da RB. No mesmo ano (2017) fui solicitado para ser membro do gabinete de qualidade dirigida pelo MSc Santos Jemuce e até então desempenho a função de secretário. Em 2018 trabalhei no projecto a "Minha Escola é Mais Verde" e tive a função de técnico de campo e no mesmo ano assinei um memorando interno com a FCN como responsável de Comunicação e Imagem. Em 2019 fui indicado como Chefe da Repartição de Tecnologias de Informação na Universidade Lúrio afecto na FCN.
Estou na categoria de Assistente e lecciono as cadeiras de Biologia Molecular, Microbiologia, Genética e Botânica II.
DCI: Como foram os primeiros dias de docência?
AS: Foram calmos, com mais atenção para aprender e ansioso para dar as aulas.
DCI: Como foi o seu primeiro dia de aulas?
As: Quando estava no estágio aprendi como interagir com estudantes de diversas idades e me recordo que já tive até no máximo um aluno de 59 anos (curso nocturno) e diversos tipos de comportamentos. Então, a única preocupação era o conhecimento “se o que iria transmitir realmente era para o ensino superior ou não”. Isso tirava-me o sono e como dizem os próprios estudantes fazia directa (não dormir”). Mas com os seminários psico-pedagógicos realizados anualmente tive a oportunidade de melhorar e recordar certos aspectos.
DCI: Quais suas áreas de interesse?
AS: Embora a falta de material laboratorial, a minha área de interesse é a genética. Mas há luz verde para isso e num futuro, com a montagem dos laboratórios financiados pelo BAD, terei a honra de trabalhar com o DNA e realizar pesquisas de rotina ligadas à genética. Por agora trabalho com a microbiologia e juntamente com o MSc Marcelino Caravela estamos a estudar a diversidade de macroalgas cá em Pemba e pretendemos alargar a nossa área de estudo para outros distritos costeiros. Para mais consolidação, participo em workshops, seminários e actividades de pesquisas ligadas à essas áreas.
DCI: Como docente, qual foi o seu momento marcante?
AS: Cada momento para mim é marcante, mas lembro-me do primeiro dia que tive que dar aulas práticas na cadeira de microbiologia, não foi fácil mas foi bem feito.
DCI: Qual foi seu sonho quando estudante?
AS: Desde pequeno queria trabalhar para empresas num gabinete próprio, lançando e alisando dados, mas agora sinto-me melhor pelo emprego que tenho e amo dar aulas.
DCI: E finalmente para o dia professores que conselho deixa.
AS: Aconselho à todos os professores a focarem no seu trabalho, não se distraiam com as atrocidades da vida, o futuro é construído no presente, portanto o profissional do amanhã está nas nossas mãos e a nossa missão é saber prepará-lo e saber encaminhá-lo.
Liliett Francisco
Ela responde o nome de Liliett Francisco. Natural da Província de Nampula, Licenciada em Biologia Marinha pela Universidade Eduardo Mondlane - Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras, é especialista em Maneio e Conservação da Biodiversidade e titular de Mestrado em Ecologia Aplicada pela Universidade Lúrio, Faculdade de Ciências Naturais.
Docente da Universidade Lúrio-Faculdade de Ciências Naturais, desde Junho de 2014, lecciona as disciplinas de Biologia de Campo, Biologia de Conservação, Maneio de Vida Selvagem e Áreas de Conservação e Sistema de informação Geográfica, Afecta na Repartição de Ecologia Marinha.
Para Liliett Ser docente é desafiador, requer muita investigação e leitura, compreender o comportamento de cada estudante e tempo extra.
Respondendo a questão sobre como foi o seu primeiro dia na sala de aulas, como docente, a nossa entrevistada respondeu dizendo que "o meu primeiro contacto com estudantes foi em 2011, quando estava a realizar o estágio profissional na área de docência na Faculdade de Ciências de Saúde - UniLúrio. Lembro do meu primeiro dia de aula como docente. Estava ansiosa e muito nervosa - a aula foi curta e boa. Com experiências e oportunidades de poder participar em formações psicopedagógicas, organizadas pela Universidade Lúrio, melhorei muito a maneira de leccionar e estou sempre a aprender".
Perguntámo-la qual foi o momento mais marcante na sua vida profissional, tendo ela dito que "o momento mais marcante para mim, como docente, foi em 2017, quando realizei a aula prática de campo da Disciplina Maneio de Vida Selvagem e Área de Conservação, em Messanja com estudantes do 4° ano. No regresso tivemos dificuldades de atravessar a Baía de Pemba via marítima e ficamos algumas horas no mar, uns estudantes em pânico, calados, e outros faziam questões sobre aula e eu preocupada respondia as questões".
A entrevistada disse estar a realizar trabalhos de investigação sobre macro invertebrados bentónicos de mangal, estimativa de biomassa e stock de carbono, mapeamento de Habitas marinhos e Educação ambiental para a conservação do ecossistema marinho, participa em conferências Nacionais e internacionais e é co-autora do livro “Ibo. Uma Ilha entre a natureza e Cultura".