FCN vai liderar e apoiar o PNQ no Monitoramento da Biodiversidade Terrestre
O Parque Nacional das Quirimbas (PNQ), foi criado em 2002, com uma extensão terrestre e marinha de cerca de 7.500 km2. Das 27 ilhas que compõem o Arquipélago das Quirimbas, onze são parte do Parque, com águas cristalinas que escondem extensões massivas de recifes de coral e diversas espécies marinhas, como golfinhos, tartarugas, dugongos, tubarões e raias.
As florestas densas de mangal, de miombo seco e uma série importante de inselbergs, na zona de Taratibu, região ocidental do Parque, tornam a sua paisagem absolutamente inesquecível. A fauna selvagem na parte continental do Parque também é bastante rica e diversificada, albergando uma grande variedade de aves, incluindo espécies migratórias, e quatro dos Big Five: elefante, leão, leopardo e búfalo.
No entanto, nos últimos tempos o PNQ tem registado desafios importantes, a fragmentação e redução dos espaços é evidente, os conflitos pelos recursos tendem a se intensificar,a gestão dos recursos locais aliado ao crescente número de assentamentos e populações humanas, actividades ilegais, tornam cada vez mais complexa a missão da proteção da diversidade biológica local. Neste contexto, entende-se imperioso encontrar soluções urgentes e assertivas a médio, curto e longo prazo que visam harmonizar as tendências de crescimento económico, conservação e protecção da biodiversidade terrestre no Parque Nacional das Quirimbas.
Assim, o coordenador científico do programa, Serafino Afonso Rui Mucova, entende que “uma gestão criteriosa e assertiva da biodiversidade deve estar fundamentada em evidências e informações científicas locais relevantes (no espaço e tempo), capazes de suportar e apoiar decisões requeridas para a salvaguarda dos ecossistemas, biodiversidade e populações humanas”. É neste âmbito que a FCN, vai liderar o “programa de monitoramento da biodiversidade terrestre (mamíferos de médio e grande porte)”, com objectivos de gerar informação apropriada sobre a presença e ausência dos mamíferos de médio e grande porte para apoio à gestão do Parque, assim como fornecer subsídios para avaliação do estado de conservação da fauna de médio e grande porte e implementação das estratégias de conservação.
O programa consistirá na colocação e monitoramento de um conjunto de camera trapping (câmaras fotográficas, com alta capacidade de resolução) para detetar imagens e vídeos (movimentos) de animais. Até ao final do estudo espera-se que o esforço amostral seja de 310 camera trapping distribuídas ao longo do PNQ.
A implementação da metodologia, identificação das espécies e produção do relatório (incluindo recomendações) estará ao cargo da FCN, sob coordenação científica do pesquisador Serafino Afonso Rui Mucova, especialista em estudos de animais terrestres. O PNQ, sob liderança do Administrador Adjunto, Naungi Ntave, será responsável pelos aspectos técnicos, administrativos e logísticos, enquanto que a Repartição de Ecologia Terrestre (RET) da FCN, liderada pelo pesquisador Cristóvão José António Nanvonamuquitxo, fará a gestão geral do programa em conjunto com o Departamento de Investigação (DI) da PNQ.
As actividades iniciaram no dia 10 de Outubro de 2019 e tem o seu término previsto para 20 de Julho de 2020. Esta é mais uma atividade conjunta entre as duas instituições públicas, que pretendem dar continuidade a mais um ciclo de aproximação e parceria para a identificação e resolução de problemas da região.
A Faculdade de Ciências Naturais, é a primeira instituição pública de ensino e investigação, na região norte de Moçambique, a investir e adquirir equipamentos modernos para o monitoramento da biodiversidade terrestre, e os mesmos deverão servir para apoiar outras áreas de conservação e protegidas como Reserva de Gilé e Niassa.